Passaram dois jogos
e a minha profecia já não será cumprida, felizmente para o Rio Ave. Pelo menos na
integra, e acredito que com 6 pontos ou se seguem jogos muito maus ou Miguel
Cardoso conseguiu aumentar o seu período de experimentação deste modelo de
jogo.
Nestes dois jogos
deu para ver algumas diferenças face ao jogo da derrota frente à equipa
francesa do Angers onde fomos clara, clara, claramente inferiorizados. Eles não
deram mais espetáculo, mas jogaram o jogo que é um jogo de futebol de uma forma
muito mais inteligente. E nós, nesse dia nem no capítulo do espetáculo estivemos
por cima. Foi só fadiga após a semana de estágio?
O Rio Ave já não
insiste na fixação de 3 homens atrás da linha da bola quando constrói o jogo a
partir da defesa, principalmente quanto tem pela frente apenas um adversário
(será mais aceitável quando defrontar modelos de dois avançados). O eu vi no jogo
de apresentação foi a aplicação de uma solução que nos roubava uma linha de
passe no meio campo entregando claramente a superioridade à defensiva
adversária, situação potenciada pelo facto de que esses homens no centro do
terreno eram forçados a receber a bola de costas para o objetivo. Belenenses e
Boavista acabaram por equilibrar os jogos dessa maneira.
No ataque temos 3
Golos: um ressalto, uma bola parada e um contra-ataque, manifestamente pouco (ou
nada?) para quem privilege o ataque organizado e a posse de bola.
Podemos melhorar?
Podemos sim e isso tem-se verificado de jogo para jogo. A construção de jogo já
foi alterada, os lateraloextremos estão melhor posicionados (continuo muito
apreensivo em relação aos jogos com as melhores equipas – acho que vai ser por
ali), e os dois médios exteriores começam a procurar mais o corredor.
Na minha opinião não
chega. Acredito que os laterais estão demasiado expostos e que se pede um
grande esforço aos médios que os apoiam em diagonais constantes. Os médios mais
exteriores não são extremos e nem procuram ser tal o que faz com que a equipa
fique muito estreita. Barreto tem mostrado dificuldades de adaptação. Ao nosso
futebol? Penso que não é tanto isso mas sim a posição. Ainda não é um jogador
de corredor (poderá ser?). Gabrielzinho entrou bem, mas nas jogadas em que
apareceu mais não estávamos naquele ataque de: passe, passe, passe a meio
campo.
Por fim, deixo um
destaque para aquele jogador que mais me tem impressionado e mais água na boca
me tem deixado. Se ainda vier a melhorar não fica cá muito tempo. Falo de Pelé.
Acho que foi injustamente “castigado” pelos maus passes em certo período de
tempo no jogo da 1ª jornada. É um jogador que trabalha silenciosamente. Por
vezes parece escondido do jogo, e está. Está escondido a vigiar o seu terreno
de caça. Assim que o adversário recupera a bola ele aparece e ataca. Ataca a
bola, ataca o espaço e por vezes o jogador. Se isso evitar um golo… Na
construção de jogo errou, mas também já acertou. Fazendo mais passes erra-se
mais e acerta-se mais. Não podemos olhar para Pelé como se olhava para
Petrovic, mas sim como se olhava para Wakaso. Ninguém esperava que ele fizesse
aquele passe magistral, o que todos queríamos era o descanso de saber que, com
ele e os dois centrais, os adversários enfrentavam uma muralha com um carro
armado que ia a qualquer lado bloquear o inimigo. Mas atenção, daquilo que já
mostrou no passado, para Petrovic, talvez só lhe falte mesmo os passes de 30,
40 e 60 metros. Vamos ver se ele chega lá.
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